terça-feira
Dia Mundial das Doenças Raras é marcado por atividades em todo o país
Pelo menos 13 milhões de
brasileiros, de acordo com
dados do Ministério da
Saúde, tem alguma doença
rara. No mundo cerca de
8% da população tem algum dos 6 a 8 mil tipos de
doenças consideradas raras
em todo o mundo, entre enfermidades de origem genética e não genética. Para
chamar a atenção para essa
realidade, o Instituto Vidas
Raras promove uma série de
eventos de conscientização
em diversas partes do Brasil
para pacientes, familiares e
todos os envolvidos com a
causa, durante o mês de fevereiro e principalmente no
dia 29, data escolhida como
Dia Mundial das Doenças
Raras. Neste ano as atividades serão estendidas até o
mês de março.
“O objetivo de divulgar a
existência dessas doenças e
despertar na sociedade um
olhar de igualdade, inclusão
e empatia para os raros, que
lutam pela vida. Esta é uma
área ainda muito marcada
pela falta de informação e
por preconceitos, e que precisa de atenção e apoio de
todos nós. Acreditamos que
o diagnóstico precoce seja
a melhor forma de salvar vidas e, por isso, investimos
nossas forças em promover
um diálogo sobre educação
e conscientização de todas
as doenças raras, seja para
profissionais da saúde, estudantes da área, gestores,
parlamentares, influenciadores e sociedade em geral”,
explicou a vice-presidente
do Instituto Vidas Raras, Regina Próspero.
Segundo ela, é possível
mudar a história de muitas
pessoas que podem ter o
diagnóstico precoce se os
exames para essas patologias forem incorporados
pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ela explicou que
o exame do pezinho, feito
obrigatoriamente no SUS,
atualmente é capaz de triar
seis doenças raras, mas com
as mesmas gotinhas que são
colhidas do bebê pode-se
triar até 90 doenças raras.
“O material é o mesmo,
o que muda é o sistema de
qualificação do exame. São
doenças que podem fazer
toda a diferença na família
e que muitas vezes não têm
tratamento medicamentoso, mas só uma troca de dieta, por exemplo, pode fazer
com que essa criança tenha
uma vida normal e de qualidade e sem sequelas que
podem ser evitadas ao saber
precocemente da doença”,
afirmou Regina.
Para Regina é necessário
ampliar a comunicação para
as famílias dando a elas opção de pagarem ou não um
exame de triagem neo natal,
além de incorporar aqueles que não podem pagar.
Ela destacou que há ainda
muito o que se fazer para
abranger essa população e
evitar danos maiores. “Estamos muito aquém do que
se precisa que é melhorar o
diagnóstico precoce, investir
em pesquisas clínicas e dar
acesso ao tratamento. Isso
são prioridades. As políticas
públicas para esse setor precisam melhorar bastante”.
O calendário de eventos
inclui, no dia 29, o 4º Fórum
do Dia Mundial das Doenças Raras ( Universidade
Federal de Uberlândia, Minas Gerais), 1ª Corrida Rara
do Piauí; 1ª Caminhada de
Conscientização das Doenças Raras no Parque da
Cidade, no Distrito Federal,
seguido do Piquenique dos
Raros; Piquenique dos Raros
em São Paulo, às 10h no Parque da Juventude. Também
serão celebradas missas em
homenagem aos portadores
de doenças raras, em diversos locais do país.
SUS
Por meio de nota, o Ministério da Saúde informou
que a assistência em doenças raras sempre foi disponibilizada no Brasil e que entre
as doenças já contempladas
pelo SUS estão a acromegalia, a artrite reativa, a doença de Crohn, a doença de
Gaucher, a doença de Paget,
a Doença falciforme, a esclerose múltipla, a fibrose
cística, entre outras. “Atualmente, no país, é adotada a
Política Nacional de Atenção
Integral às Pessoas com Doenças Raras, que formaliza
desde 2014 a rede de atendimento para prevenção,
diagnóstico, reabilitação e
tratamento pelo SUS”.
Segundo o Ministério,
os pacientes com doenças
raras contam ainda com
o suporte da rede pública
para a obtenção de medicamentos, embora o número
de doenças raras que envolvem tratamento baseado em fármacos representa uma pequena fração do
universo de doenças raras.
O SUS oferece também exames, aconselhamento genético e procedimentos de
avaliação diagnóstica.
“O atendimento é feito
prioritariamente na Atenção
Primária. Se houver necessidade, o paciente pode ser
encaminhado para atendimento especializado em
unidade de média ou alta
complexidade. Há 50 Hospitais Universitários Federais
que ajudam a tratar de casos
de erros inatos do metabolismo, além de associações beneficentes e voluntárias que
se dedicam, principalmente, aos casos de deficiência
intelectual e dismorfologia.
Além disso, o SUS conta com
17 estabelecimentos habilitados e especializados para
atendimento em Doenças
Raras, distribuídos em diversas unidades federativas
do Brasil”, disse o Ministério
da Saúde.
MEDICAMENTOS
De acordo com as informações, desde 2014, o
Ministério da Saúde incorporou 15 exames para diagnóstico de doenças raras e
22 medicamentos. Um dos
mais recentes medicamentos incorporados no SUS é o
Nusinersen (Spinraza) para
pessoas que vivem com a
doença rara Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo 1
que, desde 2019, já contam
com o fármaco. Também no
ano passado, a pasta também criou o Protocolo de
Atendimento para a Epidermólise Bolhosa, doença rara,
genética, sem cura e que se
manifesta já no nascimento, provocando formação de
bolhas na pele por conta de
mínimos atritos ou traumas.
O Ministério ressaltou
ainda que entre 2015 e 2020,
publicou 46 Protocolos Clínicos de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) voltados para
garantir as melhores práticas
para diagnóstico, tratamento e monitoramento desses
pacientes no âmbito do SUS,
como Síndrome de Guillain-
-Barré, Esclerose Múltipla e
as doenças de Crohn, Gaucher e Paget. “Esses protocolos são periodicamente
atualizados para orientar
médicos e outros profissionais de saúde”.
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