sábado
Sem reforma, déficit da Previdência em Goiás deve chegar a R$ 5,9 bilhões em 10 anos
SECOM/GO - Goiás vai fechar 2019 com um rombo
previdenciário de R$ 2,9
bilhões. Se nada for feito
para mudar o cenário, em
10 anos o montante subirá para R$ 5,9 bilhões.
Preocupado com esse
déficit, que inviabiliza o
desenvolvimento do Estado, o governador Ronaldo
Caiado apresentou nesta
quinta-feira (17/10), a representantes do legislativo e judiciário, números e
projeções que comprovam
a necessidade de o Poder
público reagir ao problema, a fim de que a previdência seja sustentável.
Caiado reconheceu
que se trata de um assunto
delicado, mas ao mesmo
tempo necessário porque
afeta a saúde financeira do
Estado. “Precisamos tomar
decisões objetivas, no sentindo de conter esse processo estruturante que é
o déficit da previdência”,
conclamou durante a reunião, ocorrida no 10º andar
do Palácio Pedro Ludovico
Teixeira. E o consenso entre os presentes girou em
torno de uma só alternativa: a de que os Poderes
devem se unir para discutir
e aprovar uma reforma da
Previdência em Goiás.
Tal conclusão coletiva
foi tomada após a exposição feita pelo economista Paulo Tafner, um
dos maiores especialistas
em previdência do Brasil.
Atualmente, Goiás possui
mais servidores inativos
(67.249) do que ativos
(62.940). Em comparação
a 2009, o crescimento no
número de pensionistas
e inativos foi de 73%. E,
daqui 10 anos, a projeção
indica que metade dos ativos de hoje estarão prontos para se aposentar.
Os cálculos apresentados pelo economista
apontam para um cenário
de caos e paralisia. “Goiás, como qualquer outro
Estado, virou uma grande
folha de pagamento”, afirmou, apresentando outro
comparativo assustador.
O custo com aposentados
e pensionistas hoje corresponde a 74% do que o
governo estadual investe
em saúde, educação e segurança, que são áreas essenciais. E, daqui dez anos,
esse percentual subirá para
94%. “Temos que fazer reforma porque essa situação determina a falência
do Estado de Goiás”, enfatizou Tafner.
O presidente do Tribunal de Contas do Estado, Celmar Rech, validou
a credibilidade dos dados
apresentados pelo presidente da GoiásPrev, Gilvan Cândido, ressaltando
também a necessidade
de criar uma gestão única
previdenciária, conforme
determina a Constituição
Federal. “Temos convicção
na aprovação da PEC. Estaremos adotando uma ação
de responsabilidade fiscal
e previdenciário. Tem todo
apoio do TCE”, disse.
MUNICÍPIOS
PEDEM INCLUSÃO
Paulo Tafner lamentou
que “dificuldades políticas
no âmbito federal” tenham
impedido o curso natural
da reforma da Previdência
apresentada pelo Governo
Federal, que deveria incluir
Estados e municípios. A
PEC 06/2019, que tramita no Congresso Nacional,
institui regras somente
para o âmbito da União.
“Então essa é a razão pela
qual devemos discutir. A
situação aqui em Goiás é
de estágio crítico”, alertou
o economista.
O governador explicou
que tal impasse federal foi
exatamente o motivo de
ele ter iniciado, em Goiás,
a discussão em torno de
uma reforma estadual da
previdência. A proposta
elaborada pelo Governo de
Goiás será encaminhada
em breve para discussão
na Assembleia Legislativa.
Antes disso, avisou Caiado,
haverá um encontro com
prefeitos para apresentação da proposta e provável
inclusão dos municípios. A
reunião está marcada para
a próxima semana.
Na quarta-feira (16), o
presidente da Federação
Goiana dos Municípios
(FGM), Haroldo Naves,
disse ao governador que
os prefeitos têm interesse em aderir à reforma da
Previdência. “Seremos,
aqui em Goiás, o primeiro Estado a incluir todos
os municípios [na reforma]. Essa decisão mostra
o quanto estamos acima de qualquer questão
partidária”, ressaltou
Caiado, garantindo que
o objetivo conjunto é o
de recuperar o Estado
do ponto de vista fiscal.
O governador salientou
ainda que o projeto será
amplamente debatido.
Secretário de Previdência do Ministério da Economia, Leonardo Rolim
defendeu o caminho pelo
qual Goiás está trilhando
sua própria reforma. “Recomendamos que seja feita
adesão às regras da União.
Achamos salutar que a iniciativa da construção da reforma dos estados preveja
a inclusão de municípios”,
pontuou. Ainda durante
a reunião, o presidente da
GoiásPrev apresentou sugestões do que poderia ser
mudado no atual sistema
previdenciário, bem como
os impactos positivos que
causariam. “Podemos chegar a uma economia de R$
8 bilhões em 10 anos.”
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