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quarta-feira
Caiado entrega à Assembleia Legislativa PEC da Previdência que deve reduzir déficit do Estado
Cláudio Vincé - Após uma série de estudos e debates, o
governador Ronaldo Caiado
entregou nesta segunda-feira
(28/10) ao presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Lissauer Vieira, a Proposta
de Emenda à Constituição
(PEC) que prevê uma reforma da Previdência no âmbito
do serviço público estadual e
que abrange também os municípios. Convencido de que
trata-se de uma medida necessária e urgente para reduzir o déficit orçamentário do
Estado, que este ano fechará
em R$ 2,9 bilhões, o governador garantiu: “Assumo 100% a
PEC que estou encaminhando à Alego. Se tem alguém
responsável para atender por
ela, sou eu, governador. Não
quero transferir a nenhum deputado”. Diante de parlamentares, prefeitos e secretários
de Estado, que se reuniram
no auditório da Secretaria da
Economia, Ronaldo Caiado
teceu críticas ao fato de o texto
aprovado recentemente pelo
Congresso Nacional não ter
incluído estados e municípios
– por isso a iniciativa de criar
uma própria PEC em Goiás.
“Não podemos procrastinar
uma decisão”, reforçou, citando como exemplo que já houve três vezes o aumento de alíquota e de arrecadação, mas,
mesmo assim, o déficit da
Previdência cresceu em todos
os momentos. “Vamos deixar
de lado as posições partidárias
e vamos ter um ponto de concórdia, que é Goiás”, conclamou. Caiado adiantou que as
regras da PEC da Previdência
em Goiás, matéria restrita aos
servidores públicos, são idênticas à aprovada no âmbito federal. Como exemplo, a idade
para aposentadoria, que é de
65 anos para homens e de 62
para mulheres. Também há
previsão de estabelecer tempo mínimo de contribuição
para garantir o benefício. Agora, caberá aos parlamentares
goianos a discussão da matéria em plenário.
TRÂMITE
Depois de receber o documento em mãos, o presidente
da Alego, Lissauer Vieira, reforçou a defesa que tem feito
sobre a necessidade da reforma. “Temos a consciência de
estar fazendo o melhor para a
população do Estado de Goiás e, principalmente, para os
aposentados e pensionistas.
Estamos tentando evitar o
caos de chegarmos no fim de
7, 8 ou 10 anos e os aposentados e pensionistas não receberem”, salientou. O parlamentar
disse ainda que o projeto será
recebido com tranquilidade
e que todos os deputados terão prerrogativa de apresentar
emendas, de discutir ou fazer
audiência pública. “Vamos fazer dentro da celeridade possível e necessária, mas dentro
de um debate. E esse debate
vai ser muito tranquilo, sendo
que os parlamentares vão poder votar contra ou favorável,
expressando as suas opiniões”,
garantiu. Segundo Lissauer, o
primeiro passo do trâmite na
Alego será o encaminhamento
de uma cópia do documento para cada gabinete. A PEC
da Previdência dos servidores
públicos de Goiás deve ser lida
em plenário nesta semana e
precisa de pelo menos dez sessões ordinárias para começar
a tramitar, período para que
deputados ou a mesa diretora, se quiserem, fazer alguma
audiência pública, discutir ou
debater com os servidores.
“Não posso garantir o prazo,
mas vamos tentar, dentro da
celeridade atual, colocar esse
ano em discussão.”
*ATUAL CENÁRIO*
No evento, a secretária da
Economia, Cristiane Schmidt, apresentou números sobre
a saúde financeira de Goiás,
bem como os gastos com previdência. Em resumo, afirmou
que o Estado não cabe dentro
das próprias despesas. Como
exemplo, citou que de 2003
a 2019, o crescimento da receita foi de 297%, enquanto a
despesa aumentou 328%. Só
a folha de pagamento cresceu
490% em 15 anos. “O governo
está operando no vermelho”,
sublinhou.
Hoje, de cada R$ 100 do
caixa do Governo de Goiás referente à Receita Líquida do
Tesouro (RLT), R$ 86 vão para
quitar os salários dos funcionários públicos ativos e inativos. Se somar o que é pago em
precatórios – dívidas antigas
do Estado negociadas com os
servidores – chega a 99% de
comprometimento dos recursos. Mensalmente, o Estado
destina R$ 1,3 bilhão só para
folha de pagamento. Destes,
cerca de R$ 230 milhões por
mês são do déficit. No cenário
atual, se nada for feito, o Estado continuará impossibilitado de realizar os investimento que 7 milhões de goianos
esperam nas áreas de saúde,
educação e segurança pública,
além de políticas sociais.
Após apresentar os dados,
Cristiane defendeu que mudar as regras da Previdência
é uma das reformas estruturais necessárias no Brasil. “O
maior benefício está no longo
prazo, o que mostra a posição
de estadista do nosso governador. Caiado está tomando
uma posição difícil, que é fazer
uma reforma que não necessariamente ele vai se beneficiar”, disse, referindo-se ao
fato de que somente as próximas gestões estaduais poderão sentir os reflexos positivos
da reforma. “A população vai
ser a maior beneficiada, porque vai poder ver o Estado podendo fazer investimentos.”
Presidente da GoiásPrev,
Gilvan Cândido reforçou que a
intenção do governo estadual
é replicar as regras já aprovadas para servidores públicos
federais. E que tais medidas
são o caminho para organizar o Estado. “Temos que ter a
clareza da necessidade de organizar o sistema previdenciário. Ao não organizar, teremos
uma situação muito delicada,
de comprometimento do orçamento”, salientou.
Para o representante da
GoiasPrev, se nada for feito
agora, os próximos governantes terão que escolher entre
realizar compromissos do
Estado ou pagar benefícios
previdenciários. Em 10 anos,
o déficit que hoje é R$ 2,9 bilhões pode saltar para R$ 5,9
bilhões. Do contrário, caso
haja uma reforma previdenciária, essa curva caminha para
um cenário melhor. Segundo
a projeção, em 2029 a economia acumulada pode chegar a
R$ 8,1 bilhões.
Presidente da Federação
Goiana dos Municípios, Haroldo Naves elogiou o pulso
firme de Caiado, por apresentar a PEC, e reafirmou o
apoio das 176 prefeituras que
contam com regime próprio
de previdência social (RRPS)
– e que farão parte da reforma.
“Essa é uma matéria importante para todos os municípios”, pontuou, afirmando
que em 20 anos, a economia
dos municípios será de R$
16.323 bilhões.
Além do vice-governador
Lincoln Tejota, também participaram da entrega da PEC
os deputados estaduais Bruno
Peixoto, Cairo Salim, Humberto Aidar, Rafael Gouveia, Álvaro Guimarães, Wilde Cambão
e Rubens Marques; os secretários Anderson Máximo (Casa
Civil), Bruno D’Abadia (Administração), Fábio Cammarota
(Governadoria), Ernesto Roller
(Governo), tenente-coronel
Luiz Carlos de Alencar (Casa
Militar); os presidentes Silvio
Fernandes (Ipasgo), e Adalberto Amorim (Associação Goiana dos Municípios).
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