quarta-feira
Operação 6º Mandamento: policiais acusados de homicídio vão a júri popular
TJGO - O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 3ª Vara
dos Crimes Dolosos Contra
a Vida e Tribunal do Júri da
comarca de Goiânia, presidirá hoje o júri popular
dos policiais militares Vitor
Jorge Fernandes (tenente),
de 35 anos, e os cabos Cláudio Henrique Camargos, 48,
Alex Sandro Souza Santos,
44, e Ricardo Rodrigues Machado, 38, todos suspeitos
de envolvimento na morte
de Murillo Alves de Macedo, 26. A sessão terá início
às 08h30, no Fórum Cível
Heitor Moraes Fleury, no
Park Lozandes, em Goiânia.
Os policiais foram presos durante a Operação Sexto Mandamento, deflagrada
em 15 de fevereiro de 2011 .
A investigação foi feita pela
Polícia Federal (PF) e a ação
levou à prisão dos PMs suspeitos de participar de um
grupo de extermínio. Os policiais insistiram em excluir
Fritz Figueiredo e Hamilton
Neves da abordagem e execução de Murillo Macedo,
dando ênfase a morte em
confronto com equipe da
Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam).
Fritz Agapito Figueiredo e Hamilton Costa Neves,
não foram mandados a júri
popular à época do crime,
ocorrido em 27 de agosto de
2010, decisão confirmada
pelo Superior Tribunal de
Justiça (STJ), que não reconheceu o recurso especial.
Consta, na denúncia,
que no dia 26 de agosto de
2010 Murillo teria roubado
um veículo Honda Civic,
no Setor Bueno, quando a
policial militar, tenente Almeida, manobrava para sair
do estacionamento de uma
clínica médica. Subtraindo
também a pistola portada
por um policial militar, que
se encontrava no interior
do veículo.
No dia seguinte, Fritz
Figueiredo e Hamilton Naves, policiais lotados na
equipe da Rotam, ambos
de folga, mas realizando
um serviço particular, os
quais tinham seus telefones grampeados por conta
de indícios na participação
de grupo de extermínio, estabeleceram contato com
o Centro de Operações da
Polícia Militar (COPOM),
solicitando verificação da
placa de um veículo.
No momento da ligação,
os subtenentes trafegava na
GO-060, próximo ao PIT
Rodeio Clube, em Goiânia,
quando teriam avistado o
Honda Civic em movimento pela via. A ligação foi
direcionada ao COPOM, o
contato se estabeleceu com
o soldado Mauro, ao qual
confirmou tratar-se do veículo roubado da tenente
Almeida. Fritz Figueiredo
pediu ao COPOM que fizesse contato urgente com a
tenente Almeida.
Em sequência, iniciou
uma perseguição, solicitando reforço de uma equipe
da Rotam. Nesse momento,
foi realizado outros contatos
telefônicos no trajeto, ora
com COPOM e em seguida com o cabo Camargos
da Rotam, que já deslocava
em apoio, monitorados pela
equipe da Delegacia da Polícia Federal (DPF).
Por volta das 19h45,
no Jardim Real, na chácara Caveira, os subtenentes
da PM, Fritz Figueiredo e
Hamilton Neves, à paisana, dispararam contra Murillo Macedo. Na denúncia
consta que a equipe da Rotam, composta pelo tenente Vitor, os cabos Camargos, Alex e Machado, que
também participaram do
crime, chegaram no local
do crime às 19h53, assumindo o suposto confronto inexistente.
Fritz Figueiredo e Hamilton Naves abordaram o
veículo roubado, quando
na gravação do áudio do
móvel interceptado ouve-
-se a ordem de Fritz mandando um dos ocupantes
do carro parar. Em seguida, ordenaram que ficassem com a mão na cabeça.
Rapidamente ocorre um
disparo, quando na sequência passam a perguntar
a um segundo abordado
pela arma e o que havia
na bolsa. O Copom, nesse
momento, perde o sinal
com os dois subtenentes.
Em seguida, Fritz Figueiredo afirma ao Copom
que o veículo pinou. Mas,
Fritz Figueiredo, via telefone, mantém conversa com
o cabo Camargos, orientando a equipe da Rotam
comandada pelo tenente
Vitor, a chegar no local do
suposto confronto. Quando a equipe da Rotam
chega ao local dando cobertura a Fritz Figueiredo
e Humberto Naves, assumindo a ocorrência, altera
o local do crime e permite
a saída do encenado confronto de Fritz Figueiredo
e Hamilton Naves.
Mesmo com os integrantes da Rotam alegando forte escuridão, muita
poeira e distância do vulto
que resistia à abordagem
da equipe, conseguiram
alvejar Murillo com extrema precisão. Porém, a trajetória dos projéteis foram
descendentes, conforme o
laudo. Logo, reforçando a
execução da vítima inteiramente dominada.
A tenente Almeida
esteve no local, onde
constatou que nenhum
dos disparos realizados
pelos policias acusados
atingiram seu veículo,
em que pese a notícia de
fuga, resistência armada
e confronto. Em seguida, ela reconhece Murilo
Macedo, já morto, como
o autor do assalto.
Os policiais da Rotam
omitiram a participação de
Fritz Figueiredo e Hamilton Neves na abordagem
e morte de Murilo Neves,
no interrogatório da Polícia
Federal, alterando a cena
do crime para caracterizar
o confronto. Segundo a denúncia, houve uma retirada
de um segundo ocupante
do veículo Honda Civic
conduzido por Murilo, feita
por Hamilton e Fritz, cuja
identificação e paradeiro é
uma incógnita, conforme as
conversas gravadas durante
a receptação telefônica dos
réus no dia e hora do crime.
O tenente Vitor Fernandes, os cabos Cláudio Camargo, Alex Santos e Ricardo Machado, são acusados
por homicídio, com qualificadora por motivo torpe, e
recurso que impossibilitou a
defesa da vítima e execução
sumária após abordagem.
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