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quarta-feira
SEGURANÇA Recolhimento de armas de policiais com processos de violência doméstica é inédito
É inédito o decreto assinado na última quinta-
-feira (23) pelo governador Ibaneis Rocha. O texto
retira as armas das mãos
de servidores das forças
de segurança envolvidos
em processos relacionados
à Lei Maria da Penha. Na
prática, são recolhidos os
armamentos funcionais de
policiais Civis e Militares,
além de bombeiros que
eventualmente tenham
posse e funcionários do
Sistema Penitenciário envolvidos em inquéritos de
violência doméstica ou
com medida protetiva.
Levantamento nacional
aponta que não há medida
similar em nenhuma outra
unidade da Federação.
O decreto nº 39.851,
de 23 de maio de 2019,
prevê que quando acontecer o indiciamento, o
Delegado de Polícia responsável pelo inquérito
policial deverá comunicar à corporação para ciência e recolhimento do
armamento funcional. É a
primeira vez no Brasil que
uma legislação específica
abarca os servidores da
Segurança Pública envolvidos nesse tipo de crime.
Na solenidade de assinatura do decreto o governador alertou que o
enfrentamento à violência doméstica e ao feminicídio precisa de apoio
de toda a sociedade. “O
momento é de união
para reduzirmos os índices”, disse. Conforme
dados da Secretaria de
Segurança Pública (SSP),
o primeiro trimestre de
2019 apresentou queda
de 1,7% na quantidade
de ocorrências envolvendo a Lei Maria da Penha.
Ainda assim, 3.752 casos
foram registrados entre
janeiro a março. No mesmo período, os levantamentos oficiais apontam
sete feminicídios no DF.
“Esse decreto é um
avanço, uma conquista
na questão da proteção
da mulher que muitas vezes é vítima da violência
e se sente refém de um
agressor que possui porte
e posse de arma. Ela fica
prisioneira de mais uma
situação e com medo de
ser vítima de feminicídio”,
aponta Ericka Filippelli,
secretária da Mulher.
Para ela, a atitude do
governador é corajosa,
mostra que o assunto
se sobrepõe às corporações e se apresenta como
prioridade, mas depende da conscientização
geral. “A ação é efetiva,
mas é necessário que as
mulheres se encorajem e
denunciem para que seja
possível aplicar a legislação. E a sociedade – vizinhos, amigos, parentes
– contribuam para esse
enfrentamento em uma
rede de proteção”.
As forças de segurança vinculadas à Secretaria de Segurança Pública
do Distrito Federal (SSP/
DF) estudam a regulamentação do decreto.
Jéssica Antunes/Ag.
Brasília
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