sexta-feira
PORTE DE ARMAS Massacre em escola de Suzano reacende debate
O atentado ocorrido em Suzano, região
metropolitana de São
Paulo, por atiradores
armados dentro de
uma escola, reacendeu o debate sobre a
flexibilização do porte de arma, uma das
principais bandeiras
de campanha do presidente Jair Bolsonaro.
De um lado, a chamada bancada da
bala, que vai brigar
para flexibilizar as normas atuais. Do outro, o
presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-
-RJ), publicamente
contrário à pauta desarmamentista, e de
quem o governo é totalmente refém neste
momento devido à reforma da Previdência.
Um adolescente
de 17 anos e um homem de 25 entraram,
na manhã dessa quarta-feira (13), na Escola Estadual Professor
Raul Brasil com vários
tipos de armamentos,
mataram sete pessoas e se suicidaram em
seguida. Antes, roubaram um carro e assassinaram o lojista que
era tio de um deles.
O senador Flávio
Bolsonaro (PSL-RJ),
um dos filhos do presidente, usou sua conta
no Twitter para prestar “sentimentos” aos
familiares das vítimas
e criticar a atual legislação sobre controle
de armas: “Mais uma
tragédia protagonizada
por menor de idade e
que atesta o fracasso
do malfadado Estatuto do Desarmamento,
ainda em vigor”. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), irmão
de Flávio, disse que
uma arma é tão perigosa quanto um carro.
O Estatuto do Desarmamento, sancionado em 2003, tem o
objetivo de reduzir a
circulação de armas e
estabelecer penas rigorosas para crimes
como o porte ilegal
e o contrabando. Em
janeiro, Jair Bolsonaro assinou em decreto que altera parte do
Estatuto do Desarmamento e facilita a posse de arma no país.
Contudo, ele e
seus aliados querem
ampliar ainda mais o
acesso a armas. Alegam que os dados de
homicídios no Brasil
não diminuíram com
o estatuto e que faltam
argumentos objetivos
para determinar o que
seria a “efetiva necessidade” de ter uma arma.
Ainda nessa quarta,
na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do
Senado, o líder do PSL
na Casa, Major Olimpio
(SP), causou polêmica
ao afirmar que as mortes
em Suzano poderiam ter
sido evitadas se alguém
estivesse armado dentro
do colégio.
“Se houvesse um cidadão com uma arma
regular dentro da escola,
professor, um servente ou
policial aposentado que
trabalha lá, ele poderia ter
minimizado o tamanho
da tragédia. Episódios
dessa natureza têm de ser
enfrentados, sim. Mas, se
há arma neste país hoje na
quantidade que se quer, o
menor é o 007, tem licença
para matar”.
Ele chamou de “oportunistas” quem associou
o ataque em Suzano ao
decreto que afrouxa as regras para posse de arma.
“O decreto do Bolsonaro
simplesmente garantiu
posse legítima, não é nem
porte, o porte nós vamos
votar depois, é a segunda
etapa em relação a isso
que foi tirado do direito
de defesa do cidadão. E
a população quer isso
mesmo, e a população
botou o Bolsonaro como
presidente da República
para ser um impulsionador de garantias para o
cidadão”, finalizou.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, reagiu de maneira incisiva:
“Já não basta o debate
sobre posse. Um pedido
como esse não é sobre
posse, é sobre porte em
área urbana. Aí passamos para uma proposta
de barbárie no Brasil que
não deve avançar”.
“O que eu espero é
que alguns não defendam
que, se os professores estivessem armados, teriam
resolvido o problema.
Pelo amor de Deus. Espero que as pessoas pensem
um pouquinho primeiro
nas vítimas dessa tragédia e depois compreendam que o monopólio da
segurança pública é do
Estado. Não é responsabilidade do cidadão. Se
o Estado não está dando
segurança, é responsabilidade do gestor público
da área de segurança”,
completou Maia, que suspendeu a sessão de quarta à tarde no plenário em
homenagem às vítimas
da tragédia.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa
(PE), acredita que o decreto que facilita a posse de armas pode estimular a repetição desse
tipo de crime no país. “Se
cada cidadão brasileiro
pode ter na sua residência quatro armas, como
prevê esse decreto apresentado pelo presidente
da República, a chance
de nós termos episódios
como esse cresce enormemente. E não é exatamente ampliando a possibilidade de as pessoas
terem armas, a posse de
armas, que nós vamos
acabar com a posse ilegal
e com a posse irregular”,
defendeu Humberto.
A Frente Parlamentar
da Segurança Pública,
conhecida como bancada da bala, fez circular
pela Câmara que vai usar
o episódio em Suzano
para pressionar por mudanças na legislação atual e facilitar o porte de
armas. Contudo, o dono
final da pauta no plenário é Rodrigo Maia.
No momento em que
depende totalmente
de Maia para garantir a
aprovação da proposta
de emenda à Constituição (PEC) da reforma da
Previdência, o presidente
Jair Bolsonaro evitou polemizar sobre o assunto.
Em sua conta no
Twitter, ele se solidarizou com os familiares.
O Palácio do Planalto
também emitiu nota. As
manifestações vieram
cerca de seis horas após
as primeiras notícias de
mortes na escola.
“Presto minhas condolências aos familiares
das vítimas do desumano atentado ocorrido
hoje na Escola Professor
Raul Brasil, em Suzano,
São Paulo. Uma monstruosidade e covardia
sem tamanho. Que Deus
conforte o coração de todos!”, escreveu o presidente na rede social.
Débora Álvares/Cong.
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