quarta-feira
BPC e aposentadoria rural barram apoio de governadores à reforma
O presidente da Câmara dos Deputados,
Rodrigo Maia (DEM-RJ),
disse nesta segunda-feira (25) que as mudanças
nas regras do Benefício
de Prestação Continuada
(BPC) podem dificultar a
tramitação da reforma da
Previdência. Pela proposta, a partir dos 60 anos, os
idosos receberão R$ 400
de BPC, e somente a partir
de 70 anos, o valor sobe
para um salário mínimo.
Atualmente, o BPC é pago
para deficientes, sem limite de idade, e idosos, a
partir de 65 anos, no valor
de um salário mínimo. O
benefício é concedido a
quem é considerado em
condição de miserabilidade, com renda mensal per
capita inferior a um quarto
do salário mínimo.
Segundo Maia, as alterações podem até trazer impacto negativo às
contas públicas ao mesmo
tempo que dificultam a
formação de um consenso
em torno da reforma.
As mudanças nas regras do BPC e da aposentadoria rural trazem, de
acordo com o presidente
da Câmara, resistências,
especialmente do Nordeste. Maia espera conseguir
apoio de, pelo menos, alguns dos governadores da
região para a proposta, e
esses pontos dificultam, na
sua avaliação, essa articulação. “O BPC e a aposentadoria rural tiram força
dos governadores na base
dos partidos”, enfatizou.
Pelas regras atuais
para a aposentadoria rural, as mulheres
se aposentam com 55
anos e os homens com
60 anos, com tempo mínimo de atividade rural
de 15 anos. A proposta prevê idade mínima
de 60 anos tanto para
homens quanto para
mulheres, com contribuição de 20 anos.
TRANSIÇÃO
A contribuição mínima
de 20 anos também é um
ponto que deve, segundo Maia, enfrentar forte
oposição. “Essa transição
do tempo de contribuição tem que ser discutida,
porque, de fato, tem um
impacto grande na base da
sociedade. Porque se 70%
já não consegue aposentar
pelo tempo de contribuição, se você ampliar muito
rápido de 15 para 20 anos
pode ser uma decisão que
prejudica mais do que ajuda”, disse.
A proposta de reforma
da Previdência enviada na
semana passada ao Congresso Nacional estabelece
idade mínima de 62 anos
para mulheres e 65 anos
para homens, com contribuição mínima de 20 anos.
Nessa proposta, não haverá mais aposentadoria
por tempo de contribuição. Atualmente, a aposentadoria por idade é de 60
anos para mulheres e 65
anos para os homens, com
contribuição mínima de 15
anos. A aposentadoria por
tempo de contribuição é de
30 anos para mulheres e 35
para os homens.
Apesar das ressalvas em
relação ao texto, o presidente da Câmara criticou
a pressão feita pelos servidores públicos para evitar as mudanças na Previdência. “Eles defendem os
seus próprios interesses de
forma irracional e sem nenhuma preocupação com
o coletivo”, disse sobre as
categorias com maiores salários dentro do Estado.
Para Maia, é necessária uma estratégia de comunicação que dialogue
com a sociedade e mostre
a urgência e necessidade
da reforma. “Essa questão
da comunicação é decisiva. Não tem como ir para
o enfrentamento em um
tema tão sensível como
esse sem a capacidade de
explicar, de forma muito
clara para o cidadão, o
que nós estamos fazendo”, enfatizou.
Devido à importância
para manter a saúde das
contas públicas, a questão da Previdência vem, na
avaliação de Maia, antes
de outras propostas, como
as medidas contra o crime
propostas pelo ministro
da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. “Nada
disso vai ter impacto na
sociedade se o sistema
quebrar”, disse.
Cong. Em Foco com ABr
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