O estado de conservação
das rodovias
brasileiras piorou em
2017 se comparado com
o ano anterior. É o que
mostra a pesquisa sobre
a malha rodoviária
nacional que a Confederação
Nacional do
Transporte (CNT) realiza
anualmente, com
apoio do Serviço Social
do Transporte (Sest) e
do Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte
(Senat).
Divulgada a 21ª edi-
ção do levantamento
aponta que o país precisaria
investir quase
R$ 294 bilhões para ter
uma infraestrutura rodoviária
adequada à demanda
nacional. Além
da queda na qualidade
do estado geral das rodovias
pesquisadas e da
falta de investimentos,
a pesquisa identi cou
363 trechos de rodovias
com pontos que, segundo
a CNT, representam
grave riscos à segurança
dos usuários e queda da
e ciência do transporte.
Ao longo de 30 dias,
pesquisadores percorreram
105,8 mil quilô-
metros – 2,5 mil quilô -
metros a mais que em
2016. Toda a extensão
pavimentada das rodovias
federais e as principais
rodovias estaduais
do país foram avaliadas.
Segundo o diretor
executivo da CNT, Bruno
Batista, a queda na qualidade
do estado geral das
rodovias está demonstrada
no fato de, este
ano, os pesquisadores
terem classi cado 61,8%
da extensão pesquisada
como regular, ruim ou
péssima e apenas 38,2%
como boas ou ótimas.
Em 2016, estes índices
eram de, respectivamente,
58,2% e 41,8%.
O aspecto em que o
índice mais se deteriorou
foi o relativo à sinalização.
O percentual
da extensão de rodovias
com sinalização considerada
como ótima ou
boa caiu para 40,8%,
frente aos 48,3% alcan-
çados no ano passado.
Dessa forma, aumentou
para 59,2% o percentual
de sinalização regular,
ruim ou péssima.
Outro quesito mal
avaliado diz respeito à
durabilidade do pavimento
das rodovias bra -
sileiras. Segundo a CNT,
o país ainda emprega
uma metodologia ultra -
passada na execução das
obras. Isso, de acordo
com a entidade, é ainda
mais comprometido por
falhas no gerenciamento,
scalização e manu -
tenção das rodovias.
ACIDENTES
As falhas concorrem
para o surgimento
de “situações atípicas”,
que é como a pesquisa
classi ca ameaças à
segurança dos usuários
das estradas federais ou
administradas por em -
presas concessionárias.
São quedas de barreiras,
pontes caídas, trechos
erodidos e buracos que
comprometem faixas
de rodagem, “levando a
um aumento dos custos
operacionais da movi -
mentação de cargas e de
passageiros resultante
do prolongamento do
tempo de viagem e do
maior consumo de com -
bustível”, mostra estudo.
A pesquisa indica
que, em 2016, o número
de acidentes em rodovias
federais caiu pelo
segundo ano consecutivo.
Para Bruno Batista,
no entanto, essa queda
se deve à mudança de
metodologia na forma
como a Polícia Rodovi-
ária Federal (PRF) computa
as ocorrências.
“A partir de 20015, a
Polícia Rodoviária alterou
a forma de registro
dos acidentes. As pessoas
que se envolvem em
acidentes sem vítimas
passaram a ter que registrá-los.
Acreditamos
que isso ajude a explicar
essa queda grande
dos números, já que não
houve nenhuma razão
técnica, nenhum incremento
em medidas de
segurança, que expliquem
esse fato”, comentou
Batista ao comparar
os 96,3 mil acidentes e
6.398 mil mortes do ano
passado com os cerca
de 121 mil acidentes e
6.837 mil óbitos divulga -
dos em 2015. Em 2014,
foram registrados 169
mil acidentes.
A pesquisa aponta
que ao passo em que foram
investidos R$ 8,61
bilhões em melhorias e
conservação das rodovias
federais, só os acidentes
registrados no
ano passado custaram
R$ 10,88 bilhões. Valores
que se somam às perdas
com o aumento do
custo operacional para
as transportadoras de
cargas e de passageiros.
A estimativa é que, apenas
em 2017, 832,3 milhões
de litros de diesel
tenham sido desperdi-
çados em função da má
qualidade das rodovias,
o que custou R$ 2,54 bilhões
às transportadoras.
“A má qualidade das
rodovias brasileiras oneram
o transporte rodovi-
ário em 27%, na média.
Média, pois há rodoviais
da Região Norte que chegam
a elevar em até 33%
o custo da operação”, a r -
mou o presidente da seção
de Transporte Rodoviário
de Cargas, Flávio Benatti.
“Isso demonstra o
chamado Custo Brasil e a
realidade do nosso país.
Não teremos crescimento
adequado se não olharmos
para a questão da infraestrutura
de transporte
como um todo. E o [mo -
dal] rodoviário, que res -
ponde por 60% do volume
de carga transportada [e
95% do de passageiros]
precisa ser visto pelo governo
com outros olhos”,
acrescentou Benatti, destacando
que, historica -
mente, o governo federal
deixa de executar cerca de
30% do orçamento aprovado
para a infraestrutu -
ra rodoviária. “São verbas
aprovadas que, por falta
de gestão, não foram gastas.
É uma situação muito
grave,” disse.
SOLUÇÕES
Para a CNT, é urgente
a implementação,
pelo governo federal, de
um plano para reparar
os principais problemas
identi cados na pesquisa,
dentre os quais, a reconstrução
de 1.136 quilômetros
de rodovias onde a superfície
do pavimento está
destruída e a restauração
de 27.681 quilômetros de
malha onde foram identi -
cadas trincas, remendos,
afundamentos, ondula -
ções ou buracos; além da
construção de acostamentos
em 47.270 quilômetros
e a pintura de faixas centrais
e laterais onde estas
não existem.
Além disso, a confederação
defende o fortalecimento
dos órgãos públi -
cos que atuam no setor,
como o Departamento
Nacional de Infraestrutura
de Transportes
(Dnit)
e a PRF; a modernização
dos sistemas de scaliza-
ção e controle de obras
públicas de infraestrutura
rodoviária e a reformula -
ção do modelo brasileiro
de concessões rodoviárias
como forma de estimular
os investimentos privados.
“O quadro se agrava
a cada dia, pois os investimentos
feitos pelo
governo são poucos. E
as concessões feitas há
três, quatro anos, foram
feitas apenas para mexer
com valores de tarifas,
e não com um plano de
investimentos”, acrescentou
Benatti