Um dos alvos dos traficantes eram as lâmpadas nos postes de luz. A região ficou às escuras. (Charles Brother/AfroReggae) |
*Folhapress
O tiroteio que assusta moradores do Complexo do Alemão, no Rio, na noite desta terça-feira, foi causado por um grupo de traficantes, estimado em cerca de 50 pessoas, que tentou invadir o local, ocupado por tropas do Exército desde novembro do ano passado. Uma adolescente de 15 anos morreu, atingida por um tiro na cabeça.
De acordo com informações da Secretaria de Segurança, o grupo, dividido em 10 carros, chegou a um acesso da favela Nova Brasília, na estrada do Itararé. Eles eram liderados pelo traficante conhecido como 2D. Fugitivo da Mangueira, ocupada em junho para a implantação de uma UPP, ele havia se refugiado em Vila Kennedy, bairro da zona oeste, com a incumbência de manter o domínio do Comando Vermelho na área.
Fortemente armados, os traficantes atiravam em várias direções. Um dos alvos eram as lâmpadas nos postes de luz. A região ficou às escuras. Um reforço de cerca de 100 homens do Exército foi mandado para o complexo. Policiais do Bope, equipados com um "caveirão" --o carro blindado da corporação-- também se deslocaram para a área.
Todos os acessos às favelas da região foram fechados. No quartel da Força de Pacificação, na parte baixa do morro, carros de combate do Exército, do tipo Urutu, foram preparados para entrar nas comunidades. O presidente da Associação de Moradores da Grota, Wagner Bororó, disse que é possível ouvir tiros, foguetes e explosões desde as 19h na comunidade. É possível ver balas traçantes cortando o céu. Os moradores estão assustados e escondidos em suas casas.
O comércio fechou as portas mais cedo. Os moradores procuram se refugiar em casas também na parte baixa do Complexo do Alemão. Veículos evitam passar pela avenida Itararé, que margeia o complexo. Além do barulho dos tiros, moradores afirmam que também ouvem barulhos de explosões de bombas e fogos de artifício. Quem chega do trabalho se concentra nos acessos do morro, com medo de subir rumo as suas casas.
A adolescente Ana Lúcia da Silva, 15, saia de uma escola na favela Nova Brasília quando foi atingida na cabeça. De acordo com a tia da adolescente, Carla Cristina da Silva, ela foi levada para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Penha, zona norte, e teve morte cerebral às 20h15. Um homem de 47 anos, ferido na cabeça por estilhaços de granada, foi levado para o hospital Getúlio Vargas, nas proximidades.
Moradores fizeram protesto pedindo a saida do exército e a implantação da UPP. (Paula Giolito-05.set.11/Folhapress) |
CONFLITOS
No domingo (4), um confronto envolveu 80 soldados e cerca de 20 moradores do Alemão. Ao menos 12 pessoas, sendo dois soldados da Força de Pacificação, ficaram feridas. O Exército e o Ministério Público Federal abriram inquéritos sobre a participação de militares no confronto.
De acordo com moradores, um novo conflito entre militares e moradores ocorreu na noite de segunda-feira (5), no complexo do Alemão, na localidade conhecida como Alvorada. Segundo relatos, o tumulto começou por volta das 22h, após o término de uma manifestação contra a atuação dos militares na região.
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